A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma metodologia de intervenção em grupos que tem como objetivos o resgate da autoestima e o fortalecimento dos vínculos interpessoais. 

Com regras simples e fáceis de serem aplicadas, as rodas de TCI iniciam-se com atividades descontraídas e explicações sobre como funciona esta prática; as pessoas falam um pouco sobre o que as inquieta, sentem-se acolhidas para contextualizar as suas emoções e escutar com atenção os outros sem julgamentos, enquanto o grupo experimenta uma conexão de sentimentos que une e alivia. De forma empática, cada um solidariza-se e identifica-se com o relato do outro e então compartilha as suas experiências e estratégias de superação para as inquietações apresentadas.

Por meio de celebrações de agregação, os participantes dizem palavras ou frases que expressam o que cada um está a levar consigo das partilhas daquele encontro, num momento em que a fala de um fortalece e comove o outro, sedimenta aprendizagens, decisões e sentimentos saudáveis de auto-estima, de pertença e de sentido para a vida. Ao invés de reforçar dependências e carências, a TCI valoriza o empoderamento, as competências e a resiliência que decorrem das dificuldades e da troca horizontal de saberes.

Numa sociedade sedenta por espaços de encontros respeitosos e construtivos, a TCI traz a resposta da escuta activa, da empatia, do reconhecimento das diferentes maneiras de se lidar com o mesmo conflito. Isto acontece se deve às regras e etapas que fazem da TCI uma metodologia muito bem estruturada e adequada a ser desenvolvida em diversos contextos, com diferentes públicos e faixas etárias.

A TCI foi criada no Brasil há mais de 30 anos pelo Professor Doutor Adalberto Barreto, a TCI é uma metodologia reconhecida como uma das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PNPICS - Portaria 849, de 24/03/2017) e uma ferramenta de apoio psicossocial da Saúde Mental na Atenção Básica do Ministério da Saúde. Actualmente, há terapeutas comunitários formados em Portugal, Inglaterra, Dinamarca, França, Itália, Alemanha, Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Moçambique, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, El Salvador, Haiti, Guiana Francesa, Canadá, México e Azerbaijão. A Rede Europeia de Terapia Comunitária Integrativa (RETCI) congrega polos formadores de França, Bélgica, Suíça, Ucrânia, Haiti, Itália e Portugal.

Em rodas com adolescentes, idosos, mulheres e homens adultos em diversas situações e locais, regista-se a riqueza dos encontros em depoimentos espontâneos: "eu não gosto de terapia, mas esta eu gostei", "Nós não imaginamos os problemas que outras pessoas têm", "sinto um grande alívio", "como foi bom conversar e ouvir", "vou fazer umas coisas que ouvi aqui", "sinto união e amizade aqui", "nunca pensei que minha história ia ajudar outras", "de repente, eu estava falando coisas que ajudavam as outras pessoas, com coisas que eu nem sabia que estava sentindo", "fico pensando no que vou falar e assim, organizo minhas ideias e a minha mente".

Muitas pessoas chegam tímidas e sem querer falar nada, no entanto, vão falando e vão-se sentindo bem. Outras entram mudas e saem caladas, mas levam importantes compreensões. Assim cresce e se fortalece a nossa rede de apoio.

A formação é um processo no qual o aspirante a terapeuta comunitário estuda as bases teóricas da metodologia, treina a condução das rodas e trabalha os seus próprios conteúdos internos, num clima de acolhimento e crescimento conjunto cultivado entre a equipa de formação e os alunos. 

Em Portugal já foram realizadas turmas de formação em 2019 e 2021.